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sábado, 27 de abril de 2013
Rui Rangel sobre jogo de Istambul: "Poupar pode significar ficar no quase"
A confluência do Mar de Mármara, do Bósforo e do Corno de Ouro, que hoje constitui o centro geográfico de Istambul, contribuiu, durante milhares de anos, para suster os ataques das forças inimigas. Foi esta mesma confluência aliada a uma massa adepta estrondosa e fervorosa que susteve o futebol lusitano, representado pelo Benfica, tendo contribuído para golpear a alma benfiquista, retirando-lhe do ciclo de vitórias que vinha tendo.
A alma guerreira do Fenerbahçe foi mais forte e coesa, mas não é melhor que o Benfica. Foram protegidos pelo Estreito do Bósforo. É verdade que o Benfica teve sorte, quatro bolas acertaram nos postes, uma de penálti. Mas o que conta é que regressa de Istambul com apenas um golo sofrido. Podia ter sido dramático para as aspirações de estar presente na final da Liga Europa. A sorte aqui chama-se justiça porque o Benfica, por tudo aquilo que fez até aqui merece estar presente na final. E agora a confluência de Istambul, cidade grandiosa do ponto de vista histórico, de nada servirá ao Fenerbahçe, porque, agora, é a vez dos lusitanos falarem mais alto. Vão amassar o pão que o Diabo amassou, provando o veneno do inferno da Luz que vai estar protegido pelas setes colinas desta cidade também grandiosa que é Lisboa.
Embora compreenda as justificações de Jesus não esteve bem na montagem da equipa. Não se percebe a entrada de Aimar, sem ritmo e força. Nesta fase já nada se pode poupar. Tem que pôr tudo no “assador”. Ou ganha tudo ou não ganha nada. Poupar pode significar ficar no “quase”. “Quase” campeão, “quase” vencedor da Liga Europa e “quase” vencedor da Taça de Portugal. O Benfica tem qualidade para transformar o “quase” em realidade. E para ser campeão o jogo com o Marítimo vai ser o mais importante e decisivo.
Virando a página reparem como esta jornada europeia fez renascer das cinzas a orgulhosa nação germânica, com o Bayern e o Borussia a esmagarem Vilanova e Mourinho. Com alma de ferro vergaram o monstro branco, Real Madrid, e a melhor equipa do Mundo, o Barcelona. 8 a 1 nos dois jogos.
O futebol espanhol baqueou aos pés dos germânicos: O futebol força vai voltar a ter o ser merecido palco. O virtuosismo da técnica latina, de Ronaldo e Messi, perdeu e não conseguiu contornar a pujança física teutónica. Já o ano passado ficaram pelas meias-finais. E, agora, vão ficar de novo, a menos, que o milagre das rosas e do pão se transforme numa mão-cheia de golos. Mas para isso é preciso que do outro lado ninguém se mexa, o que ninguém acredita.
-Rui Rangel, jornal Record, 27 de Abril 2013
1 comentário:
Caro(a) Benfiquista,
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