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quarta-feira, 9 de outubro de 2013
José António Saraiva: Problema do Benfica é o fraquíssimo rendimento dos corredores laterais
É notório que o Benfica perdeu a alegria de jogar. Antes era uma equipa que fazia constantes cavalgadas, marcava um golo e ia à procura do 2.°, do 3.°, do 4.°... Mas os comentadores começaram a dizer que a equipa devia ser mais calculista e Jesus terá ido um pouco na conversa.
Além disso, nesta época, julgo que Jesus se desorientou com tantas opções. Veio uma mão-cheia de sérvios que ele quis pôr a jogar e, como não saiu ninguém, Jesus lançou-os à pressão. E os sérvios, em vez de servirem para melhorar o rendimento da equipa, funcionaram como grãos de areia numa máquina que carburava bem.
Mas o problema principal é outro - e está nos corredores laterais. A dinâmica do futebol de Jesus assentava nas combinações constantes entre os defesas e os extremos do mesmo lado. O Benfica já teve grandes pares nas alas, como Fábio Coentrão/Di Maria ou Maxi Pereira (em melhor forma)/Salvio, mas agora não tem.
A verdade nua e crua é que, apesar de tantas compras, o Benfica não conseguiu resolver o problema dos corredores, que ainda por cima se agravou muito com a lesão de Salvio. A equipa não tem laterais nem extremos para jogar como Jesus quer.
Vejam-se os defesas: Maxi está exausto, André Almeida e Siqueira são bons a defender mas fracos a atacar, Cortez é mau a defender, Sílvio lesionou-se cedo; quanto aos extremos, Salvio está no estaleiro, Ola John é para esquecer, Sulejmani não parece grande coisa, Urreta não se impôs, Gaitán não é um extremo típico, Enzo Pérez rende pouco junto à linha, Markovic na ala é um zero, Nolito saiu...
No fraquíssimo rendimento dos corredores laterais está o grande calcanhar deste Benfica. Por aí é que a equipa canalizava o seu jogo, abria as defesas adversárias e criava oportunidades que depois Cardozo, sobretudo, concretizava.
Ainda hoje, sempre que as alas funcionam - vejam-se as jogadas dos dois golos no Estoril -, o Benfica parece outro.
O conjunto só se reencontrará se, à direita e à esquerda, surgirem pares de jogadores que combinem bem e sejam capazes de arrastar a equipa para a frente. Doutro modo, continuaremos a assistir ao mesmo futebol triste e pastoso.
- José António Saraiva, jornal Record, 9 de Outubro de 2013
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