quarta-feira, 3 de abril de 2013

Luís Freitas Lobo elogia versatilidade de Lima


No primeiro jogo do campeonato, estreia do Benfica na Luz, Lima jogou pelo... Braga. Vinte jogos depois, essa imagem parece de outro tempo, mas a verdade é que, nessa altura, em fim de mercado, debatia-se muito para onde o ponta-de-lança do Braga poderia sair. 

Falou-se do FC Porto, acabou no Benfica. O impacto que isso teve nas duas equipas ainda é uma história sem último capitulo, mas pelo visto até agora já faz sentido colocar a questão: o que teria sido diferente no campeonato (e no Benfica de Jesus) se Lima não tivesse ido para a Luz? 

Não está em causa comparar valor de jogadores. Está em causa diversidade de soluções (movimentos) atacantes que podem dar à equipa. Jackson é um ponta-de-lança fantástico e no 4x3x3 do FC Porto é um nº 9 perfeito, pois tanto joga de costas (em apoio) como se vira rápido, fica na área, remata ou desmarca-se. 

Dificilmente, porém, pode jogar por outros locais. Lima, encaixou no 4x4x2 do Benfica porque tem outra amplitude periférica de jogo no sentido de dar largura (cair na faixa) e dar profundidade. Nesse sentido, tanto é n.º 9 puro como recua para o espaço do segundo avançado. 

Mesmo num 4x3x3, é possível imaginá-lo a partir desde um flanco rumo à área/baliza. Muitas vezes, a cultura de posse ofensiva do FC Porto torna-se uma fotocopiadora de jogadas. Nesses momentos, um elemento mais versátil de movimentos seria muito importante. 

O melhor James consegue fazer isso e por isso, nesses momentos, sente-se tanto a falta desses traços do seu melhor futebol. Lima é um avançado multisistemas com movimentos e golos naturais. Por isso, o seu impacto no campeonato tem sido tão decisivo. Por isso, sem ele, o Benfica com Cardozo mais fixo a n.º 9 e Rodrigo em claro deficit de explosão, teria muitas dificuldades em descobrir essas diferentes soluções de movimentos (largura, desmarcação, profundidade). 

No jogo de Guimarães, por exemplo, Lima desequilibrou as marcações cerradas da defesa do Guimarães quando começou a descair e surgir sobre o flanco esquerdo). 

Entretanto, Liedson continua no banco. É um caso diferente. Penso que fez tanto sentido ter sido contratado em janeiro (como alternativa a Jackson, ou para permitir a gestão deste, após dispensa de Kleber) como faz tanto sentido agora não jogar (porque o FC Porto joga em 4x3x3 e nesse sistema só existe espaço para um nº 9). 

Liedson não é avançado para jogar desde a faixa e o 4x4x2 iria desfazer o triângulo do meio-campo, que é coração da equipa com Lucho-Moutinho a dar profundidade central. Em geral, um ponta-de-lança não determina como uma equipa joga mas muda como ela acaba as jogadas. 

O mérito de Lima é que ultrapassa o impacto desses últimos 25/30 metros e com os seus movimentos mostra outros caminhos à equipa que são vistos desde o médio mais recuado que pega na bola (e confundidos adversários). 

É a versatilidade da linha (táctica) do horizonte nos movimentos do ponta-de-lança.» 

- Luis Freitas Lobo, jornal A Bola, 3 de Abril de 2013

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