segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Nuno Farinha e as duas possibilidades para Jesus ainda não ter renovado contrato



Três anos e meio depois da chegada de Jorge Jesus ao Benfica, o Seixal continua a registar enchentes em dia de treino. 


Jesus ganhou um campeonato e três Taças da Liga, o que, em três temporadas, está muito longe de ser brilhante. 

Para os próximos quatro anos, por exemplo, Luís Filipe Vieira já disse que quer três campeonatos e uma final europeia. É fácil perceber, pois, que Jesus conseguiu poucos títulos até agora. 

Mas, então, por que correm as pessoas para os treinos? E por que continua a Luz a registar assistências tão boas? 

Porque este "Benfica-projecto-de-JJ", mesmo com todos os erros já cometidos, teve o enorme mérito de conseguir restabelecer com os adeptos uma relação de proximidade que não existia há muitos anos. 

Marés vermelhas existem sempre e especialmente quando a equipa está em alta, como agora. A diferença, neste caso, é que os quatro anos de Jesus rompem com a normalidade. Para os padrões nacionais, este tempo é uma eternidade. E, no entanto, na Luz ou no Seixal o entusiasmo não só se mantém como às vezes até parece aumentar. 

Para se entender melhor este fenómeno de longevidade basta lembrar o que foi a quarta época de Jesualdo Ferreira no FC Porto ou a de Paulo Bento no Sporting e a que ponto chegou, em qualquer dos casos, a relação dos dois treinadores com as bancadas do Dragão e de Alvalade, respetivamente. 

Jesus está em 1° lugar, a equipa joga a um nível alto e há novos "produtos" em acelerada valorização - como Garay, Matic, Ola John ou André Gomes. 

Existem excelentes perspetivas para novas vendas milionárias, na linha daquilo que foram os negócios de David Luiz, Javi García, Di María ou Ramires. E em tudo isto não pode deixar de ser reconhecido o mérito do técnico, que nalguns casos (como o de Melgarejo) chega a parecer visionário. 

A realidade é que, mesmo neste enquadramento tão positivo, JJ está a apenas seis meses de terminar contrato. 

Primeira possibilidade para ainda não ter havido renovação: o Benfica "não pode" ter um treinador que em quatro épocas vence só um campeonato. E precisa de saber; portanto, se JJ conquistará esta Liga. 

Segunda possibilidade: Jesus não quer continuar. E se for esta a razão? » 

- Nuno Farinha, jornal Record, 28 de Dezembro de 2012

sábado, 29 de dezembro de 2012

Afonso de Melo simplesmente brilhante... uma vez mais!!!


Está decrépito o papa eterno. Tão decrépito como o seu colega padre de Guerra Junqueiro. 

Balbucia em vez de falar. Solta incompreensíveis desatinos que deveriam fazer rir mas que fazem apenas sentir pena. Ou nem isso. 

Poucos lamentam a velhice do papa eterno. Poucos sentem misericórdia da sua decadência. Não uma decadência moral, porque o papa eterno é amoral. Sempre foi. Nada nele obedeceu às regras da civilização e da sociedade. Pelo contrário. 

O papa eterno foi, ao longo da sua mais do que longa vida, um espúrio irremediável e irreversível. Dobram ao longe os sinos. A sua decadência é física, visível, palpável. Careca, desdentado, rugas fundas rasgam-lhe a fronte néscia, pelancas espalham-se-lhe pela cara hedionda que provoca desconfiança e nojo. Fede. Não fede de podridão do corpo, embora essa podridão seja tão autêntica como a outra, a podridão dos princípios que lhe vem do berço. 

Ainda assim reclama um espaço largo na atenção dos vivos, mesmo que nas suas costas aqueles que se dizem seus amigos, seus seguidores, seus apóstolos, afiem as adagas curvas que rasgarão o que lhe sobra de carne e quebrarão os seus ossos frágeis. 

Olhamos para a sua figura deprimente, ordinária, baixa, e não há quem sufoque uma casquinada irónica. Do homem que nunca foi resta um amontado grotesco de inconveniências. 

O que diz não são palavras: é baba. 

Há nessa baba raiva, uma raiva enlouquecida. A baba enlouquecida de um boi no curro que sabe que o seu destino se levanta na ponta de uma bandarilha cruel, ali em frente, na arena inevitável da vida. E o toureiro não terá piedade... 

P.S.- O Azeiteiro-da -Cabeça--d'Unto continua a falar, a falar, a falar, a falar. Vanitas vanitatum et omnia vanitas, é a primeira frase do Eclesiastes. Vaidade das vaidades e tudo é vaidade. Uma vaidade ridícula! » 

- Afonso de Melo, jornal 'O Benfica', 28 de Dezembro de 2012

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Carlos Daniel faz o raio X do campeonato


Na pausa de Liga e seguindo a classificação, um registo concreto de sensações e decepções:

BENFICA: O melhor foi a afirmação de Matic e as descobertas de Enzo Pérez - como médio - e André Gomes; o pior foi a incapacidade de tirar melhor rendimento de Bruno César, Nolito e Gaitán.

FC PORTO: O melhor na incorporação de Jackson e na explosão de James; pior no desprezo pelo contributo de internacionais portugueses - Rolando e Miguel Lopes.

SP. BRAGA: Excelente Éder, finalizador afirmado de uma equipa que assume o jogo. Falta de velocidade nas alas e dificuldade dos centrais em garantir a solidez necessária a quem quer jogar assim.

P. FERREIRA:
A melhor surpresa até agora, André Leão na plenitude, Cícero a marcar como nunca e um Vítor que devia estar há muito entre os melhores. As alternativas de ataque, sobretudo Alvarez e Angulo, têm de dar mais.

RIO AVE: Muito bem Oblak, João Tomás e Tarantini numa equipa com personalidade. Má a perceção de que Rodriguez faz parte do plantel mas não é jogador do Rio Ave.

ESTORIL: Entusiasma o meio campo, com qualidade portuguesa e brasileira (Diogo Amado, Gonçalo Santos, Evandro, C.Eduardo). Esperava mais de Hugo Leal e João Coimbra.

V. GUIMARÃES: Afirmação de Douglas e Soudani e bons sinais do miúdo Ricardo. Meio campo tecnicamente limitado impede futebol de maior qualidade.

BEIRA MAR: O melhor é o crescendo recente, puxado pela qualidade de Nildo e Serginho; difícil pedir mais a um plantel com óbvias lacunas na defesa e no ataque.

MARÍTIMO: Interessante afirmação de laterais portugueses, Ruben Ferreira e agora João Diogo; perturbadora a incapacidade de reequilibrar o meio campo desde a saída de Roberto Sousa.

SPORTING: O melhor foi Rui Patrício. O resto foi tudo mau.

NACIONAL: O melhor é a qualidade individual - esperança em Marçal, certeza com Mateus; o pior é que tudo parece individual, produto de mais ou menos inspiração.

OLHANENSE: Afirmações de Babanco (adaptação a lateral), Jander e Abdi, sendo este o único avançado de qualidade, que Tragino não se impõe, Djaniny não explode e Yontcha não acerta na baliza.

GIL VICENTE: Sempre o acerto de Adriano e Cláudio, mais a revelação de Pio; no ataque, quase só tiros na água: Leonardo, Ramazzotti, Rafa Silva, Brito.

V. SETÚBAL: Meyong, que sabe tudo do golo, e o aparecimento de Miguel Lourenço; falta qualidade/velocidade na defesa e um construtor a meio campo.

ACADÉMICA: Valem a descoberta de Cissé e a afirmação de Flávio Ferreira; a boa ideia de jogo perdeu-se na soma de desilusões: Galo, Halliche, Ogu, Saleiro, N"Gal.

MOREIRENSE: Laterais portugueses que prometem - Paulinho e Augusto - e um avançado - Ghilas - que vai mais longe; muitas fragilidades no eixo da defesa e na elaboração de jogo a meio campo.

dn.pt

Bagão Félix destaca as remontadas do Benfica


As estatísticas valem o que valem. Às vezes nada, outras muitas vezes muito, quase sempre algo. 

Nesta temporada, verifica-se uma série muito significativa de remontadas nos jogos do Benfica. 

A saber: Beira-Mar (de 0-1 para 2-1); Paços de Ferreira (de 0-1 para 2-1); Marítimo (de 0-1 para 4-1), Sporting (de 0-1 para 3-1), Olhanense na Taça da liga (de 0-1 para 2-1) e ainda duas parciais, Braga (de 1-2 para 2-2) e Académica (de 1-2 para 2-2). 

Ora aqui está uma constatação do que há muito não se via pelas bandas encarnadas. Com a circunstância de que o resultado é quase sempre virado na 2ª parte. 

Creio não estar errado se disser que tal tendência evidencia: 

a) boa preparação física que se torna mais evidente à medida que o tempo de jogo se esgota; 

b) capacidade demolidora de um ataque que vai minando as últimas forças do adversário; 

c) saúde mental e psíquica de jogadores bem orientados numa base de confiança e de responsabilidade; 

d) boa gestão das múltiplas componentes do treino; 

e) inteligente rotação de jogadores, incluindo os da equipa B. 

Aproxima-se agora a fase crucial da gestão do desgaste e das várias expressões da fadiga: jogos relevantes no campeonato à mistura com a Taça de Portugal, Taça da liga e... Bayer Leverkusen. 

Espero que seja a comprovação da boa saúde da equipa, ainda que nem todos os factores sejam controláveis. 

A propósito da Taça de Portugal a Federação volta a insistir no infeliz modo algo de a salamizar e desvirtuar.

Basta olhar para o absurdo calendário das meias-finais a duas mãos: 30 de Janeiro e (imagine-se!) 17 de Abril. E com a final ainda sem data ... » 

- Bagão Félix, jornal A Bola, 26 de Dezembro de 2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Leonor Pinhão envergonha Godinho Lopes


O presidente do Sporting deu uma extensa entrevista num programa desportivo da RTP e, entre muitas coisas, disse que ao contrário de «outros que entraram e saíram», o Sporting «sempre esteve na Europa». 

Sobre a verosimilhança das coisas que disse sobre o Sporting opinarão os sportinguistas e entre médicos e engenheiros alguém terá razão. 

Sobre as coisas que disse sobre o Benfica, sentem-se os benfiquistas no direito de opinar. E assim ao contrário do que disse Godinho Lopes esta noite, na RTP; o Sporting não «esteve sempre» ou «sempre esteve» na Europa. 

Na época de 1975/1976, o Sporting classificou-se em 5º lugar e o vencedor da Taça de Portugal foi o Boavista. Na época seguinte, 1976/1977, o Sporting ficou fora das competições europeias. 

São coisas que acontecem e já aconteceram a todos, exatamente a todos. 

É estranho que o presidente do Sporting conheça melhor a história do Benfica do que a história do seu clube, pelo menos para o que lhe dê jeito. E mentir nunca dá jeito a ninguém. Apesar deste deslize no compromisso com a verdade de Godinho Lopes continuo a considerar que, no final do jogo de Alvalade, na semana passada, o presidente do Benfica não deveria ter chamado o que chamou ao presidente do Sporting. 

-Leonor Pinhão, jornal A Bola, 20 de Dezembro 2012

Bagão Félix diz a Pedro Proença que o futebol não é para meninas


Afinal o futebol não é um desporto de inverno. Pedro Proença assim o sentenciou. No Bonfim, entre velhos amigos do Norte e do Sado. 


Imagino até os jogos que o internacional juiz adia na inglesa serenata à chuva, perdão campeonato. 

Ao contrário do Alvalade para a L. Europa, no Bonfim até se viam relva e marcações. A bola rolava, mas - para o juiz - penosamente soluçava. 

Não me ponho a conjecturar sobre quem é mais beneficiado ou deixa de o ser. Mas que deu jeito lá isso deu. Não só ao árbitro que se encharcou menos e manteve impecável o seu penteado, como aos clubes amorosamente entrelaçados. 

Parece que o jogo é adiado por mais de um mês, contrariando o regulamento.

Diz o seu art.19 n° 2: Os jogos das competições oficiais adiados no decurso da primeira volta têm de ser realizados obrigatoriamente no decurso das 4 semanas que se seguirem à data inicialmente fixada para o jogo, salvo casos de força maior devidamente comprovados e reconhecidos por deliberação da Comissão Executiva. 

A força maior deve ser o jogo na Luz em 13/1. 

E para que tudo seja claro como a água (outra vez a água) até já ouvi comentadores "isentos" dizerem cristalinamente que as 4 semanas se suspendem como... Natal! 

Pedro Proença tem razão, o futebol não é para meninas. Excepto para as meninas da ribeira do Sado. 

Como diz a canção: As meninas da ribeira do Sado é que é; Lavram na terra com as unhas dos pés; As meninas da ribeira do Sado; São como as ovelhas; Têm carrapatos atrás das orelhas. É tudo uma de carrapato... Ou melhor, de cair com o carrapato na lama! Na lama do... bom fim.» 

-Bagão Félix, jornal A Bola, 19 de Dezembro de 2012

José António Saraiva e as cargas de cavalaria do futebol Benfiquista


Na noite calma de inverno do último sábado, o Marítimo foi sujeito na Luz a um autêntico vendaval de futebol. 

O Benfica é hoje uma equipa endiabrada, com dois laterais que sobem muito (Maxi e Melgarejo), um "Polvo-2" no miolo (Matic), dois diabinhos nos extremos (Salvio e Ola John) e dois pontas-de-lança temíveis (Lima e Cardozo). 

Embora Benfica e FC Porto discutam ombro a ombro o 1º lugar, são equipas radicalmente diferentes. 

O FC Porto é uma espécie de "quadrado de Aljubarrota", sólido e homogéneo, a quem marcar um golo é difícil. Quando o FC Porto marca, tem-se a sensação de que o jogo acabou. 

Em contrapartida, a solidez rouba-lhe criatividade. A equipa cria poucas oportunidades. 

Contra o Moreirense no Dragão, criou menos ocasiões de golo do que o Benfica em Camp Nou. 

O Benfica está nos antípodas. Faz lembrar um regimento de cavalaria. 

As suas acelerações são autênticas "cargas de cavalaria" sobre o adversário. 

Cria muitas ocasiões de golo, mas também é muito perdulário: Cardozo, Lima, Rodrigo, Ola John e Salvio esbanjam ocasiões em série. 

Seguindo a máxima de que os ataques ganham jogos mas as defesas ganham campeonatos, o FC Porto continua a ser o principal candidato ao título. 

Mas esta equipa do Benfica, desde a entrada de Jorge Jesus, proporciona grandes espetáculos, arrasta adeptos, e atirou o clube para um patamar futebolístico que não conhecia há muitos anos. 

Por isso afirmei que Jesus era o Ferguson do Benfica. Há semanas Manuel Vilarinho disse o mesmo. Devia ser agora o "3º anel" a dizê-lo. 


- José António Saraiva, jornal Record, 19 de Dezembro de 2012

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Rui Tovar categórico relativamente à força actual do Benfica


Uma mão cheia de oportunidades enjeitadas pelos encarnados, na 1ª parte, fizeram deste duelo um jogo equilibrado, mas só no marcador, que no resto foi o Benfica, sem contemplações, rei e senhor. Um domínio, de resto, tão intenso que, mesmo levando em conta os rotundos 4-1 finais, se poderá acrescentar que o desfecho peca por exíguo.

A formação da Luz é hoje uma equipa de forte pendor ofensivo, adaptado que está, finalmente, ao seu flanco esquerdo, o holandês Ola John, que, com Salvio no corredor contrário, faz uma dupla de se lhe tirar o chapéu. Faltava esta afirmação plena do reforço que veio do Twente para tirar todas as dúvidas a Jesus quanto aos detentores daquelas posições e remeter para o banco Gaitán e Nolito.

Actuando frente ao Marítimo no habitual sistema do 4.1.3.2, o Benfica apresentou, para além daqueles, Cardozo e Lima na frente, enquanto no meio o mais defensivo Matic e o criativo André Gomes, no apoio aos atacantes, completaram o sexteto. Um grupo de respeito que, desde cedo, tomou conta das operações, através de um futebol de alta voltagem, a que a defesa funchalense, com realce para o guardião Ricardo, se ia opondo com mérito e não menor dificuldade.

Foi, pois, com enorme surpresa e contra a chamada corrente do jogo que o "placard" conheceu a primeira alteração. Na sequência de um livre (só podia ser de bola parada), o Marítimo aproveitou uma aberta no muro contrário e chegou ao golo (Rodrigo António, 25'), mas nem isso fez abalar o ânimo e a convicção encarnada num bom resultado, tal a disponibilidade atacante até aí demonstrada, em contraste com a falta de argumentos dos visitantes, sem espaços concedidos para fazer melhor.

Um golo de Cardozo, a concluir solicitação de Sálvio, e mais algumas ocasiões desperdiçadas confirmariam essa ideia, mas o 1-1 ao intervalo continuava a não transmitir a diferença real entre as duas partes em confronto. Jesus trocou A.Gomes por Enzo, ao intervalo, numa tentativa de dotar a equipa de outra dinâmica, mas o Marítimo, com alguma sorte à mistura, soube fechar-se, através de duas linhas recuadas em bloco, apenas com Fidélis, muito isolado lá na frente, quase a fazer figura de corpo presente.

Claro que o golo do Benfica podia acontecer a todo o momento, que a equipa fez muito por isso, mas quis o destino que ele surgisse apenas de grande penalidade, após falta de Roberge, que acabaria também por ser expulso. Cardozo transformou o castigo máximo (65') e foi o fim do jogo, uma vez que, com 10 unidades - e logo sem um dos seus mais influentes jogadores -, o Marítimo "saiu" de cena. Cardozo faria ainda o seu "hat-trick" e Rodrigo, entrado para os minutos finais, fixou o resultado de uma partida que o Benfica ganhou sem discussão.


-Rio Tovar, sapo.pt

João Querido Manha radical acerca dos penaltys


Uma ironia inabitual do presidente do Benfica reabriu a discussão sobre a muito cruel diferença de avaliação ao uso das mãos por jogadores que não os guarda-redes. 

O até agora muito discreto Alex Sandro saltou para a ribalta pelo inegável mérito em saber usar as mãos de acordo com o critério bom dos árbitros e até podia ser utilizado em workshop da Federação como modelo a seguir. 

O treinador Vítor Pereira, por exemplo, até meteu os pés pelas mãos ao incluir no célebre hat-trick de Duarte Gomes do Benfica-Guimarães da época passada o penálti de N'Diaye sobre Saviola, que nada teve a ver com jogadas de segundo guarda-redes. 

Apenas um exemplo da enorme confusão que se instalou a respeito de uma falta clássica do futebol que, outrora, no tempo dos ingénuos, era tão fácil de destrinçar entre voluntários e involuntários. 

Por exemplo, o francês Roberge precisa urgentemente de uma reciclagem e deve ter saído ontem do Estádio da Luz apreensivo pela diferença que o separa daquele colega de profissão. 

Ao contrário do que o lateral do Porto habitualmente faz, com toda a impunidade, o central madeirense procurou esquivar-se ao contacto da mão com a bola, e se mostrou alguma voluntariedade, foi em evitar a falta e não em cometê-la.

Esta época, foram assinalados 13 penáltis por mão na bola, apenas um terço de todos os lances de contacto de mãos e braços com a bola dentro da área.

São praticamente quatro lances controversos por jornada, o que justifica uma clarificação urgente, de uma das áreas mais cinzentas do subjetivismo dos árbitros. 

E a solução só podia ser esta: falta em todos os contactos com a mão na bola, independentemente da vontade do jogador ou da subjetividade do árbitro. 

O que veríamos então seriam mais gestos como o de Roberge, a tentar tirar a mão do caminho da bola, e menos como os de Alex Sandro, a procurar aumentar a barriga. 

E a controvérsia simplesmente acabava. Bola na mão tem de ser falta, seja qual for a vontade do jogador.» 

- João Querido Manha, jornal Record, 16 de Dezembro de 2012

domingo, 16 de dezembro de 2012

Mário Fernando rendido ao "centenário" Óscar Cardozo


Quanto à partida da Luz, aí sim, foi possível constatar, entre outras coisas, que não é "centenário" quem quer, mas quem pode. Falo de Cardozo, obviamente.

De facto, o paraguaio continua a ser um caso desconcertante para muita gente. Por vezes falha aquilo que parece impossível, noutras concretiza o que não parece possível. Frente ao Marítimo a história repetiu-se, porque, depois de dois desperdícios incompreensíveis, Cardozo respondeu com um hat-trick e entrou no clube restrito dos que atingiram a barreira dos cem golos no campeonato. A verdade é que arranjou um lugar na história dos goleadores em Portugal.

Depois, há o jogo. Arranque pressionante do Benfica, uma vez mais com o corredor esquerdo (Ola John) a dar cartas, oportunidades criadas e falhadas (além de Cardozo, podem juntar Salvio e Lima) e o Marítimo a responder com um golo, num lance de bola parada (e Rodrigo António ligeiramente adiantado no momento em que o livre é marcado). A exceção numa partida em que, do ponto de vista ofensivo, os madeirenses pouco mostraram, até porque o meio-campo encarnado, com Matic à cabeça, não lhes deixou grande manobra.

A reação do Benfica à desvantagem era inevitável (ainda deu para o empate antes do intervalo), embora no início da segunda parte as dificuldades tenham sido maiores, não apenas pela disciplina dos madeirenses, mas também por alguma falta de sentido prático dos homens da Luz. Até que veio o penálti e a expulsão de Roberge (mais um contributo para eternizar a discussão sobre o mão-na-bola e o bola-na-mão, que uns assinalam e outros não), abrindo-se o caminho para uma meia-hora final demolidora da equipa encarnada, com os valores individuais a ditarem leis e a acentuarem o desnível qualitativo entre as duas formações.

Este Benfica, que vai tentar gerir os três pontos de vantagem sobre o FC Porto até ao clássico da Luz, pode não ser o melhor de sempre de Jorge Jesus (o que foi campeão tinha Di Maria, David Luiz e Ramires), mas é seguramente o mais forte desde essa altura. Falta saber do que será capaz até final da temporada.

-Mario Fernando, blog Jogo Jogado

sábado, 15 de dezembro de 2012

O Rui Viegas é que tem razão...


Acabam de abrir um precedente perigoso no Bonfim. Assim, muitos jogos serão adiados. A culpa? Do V.Setúbal, também. Depois não se queixem! E fica este alerta e este post... para memória futura.

-Rui Viegas, jornalista da Radio Renascença, Facebook

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

João Malheiro diz que caminhada do Benfica tem sido brilhante


Ainda há quem se lembre daquele spot publicitário de apelo a uma marca de café, a tal "do gostinho especial"? 

Pois tem sempre um gostinho especial vencer o Sporting, mais ainda em Alvalade, mais ainda consumada uma excitante pirueta no marcador. E se fosse ao contrário? Na casa dos leões, este ano de rugido coitado, o triunfo sobre o Benfica valeria o maior tragor, assim ao jeito de quem mitiga as agruras de uma meia temporada à custa do histórico e maldito arquirrival, a presa sempre mais ambicionada no território verde. 

O conjunto de Jorge Jesus venceu. Venceu bem, venceu sem mácula, venceu categoricamente. Foi melhor, incomensuravelmente melhor, sobretudo no desenho competitivo da metade complementar. 

Como dizia o meu amigo, António Simões, nossa grande glória, minutos depois do embate: "reparaste que o nosso miúdo do meio-campo foi melhor que os três jogadores do Sporting que atuaram naquela posição?". Pois foi.

Ele e outros. Quase todos os outros. Subjugaram o antagonista com inusitada, ainda que previsível facilidade. 

O Benfica deu mais um passo importante numa caminhada que se deseja, que se acredita balizada pelo sucesso. 

A Liga está quase no termo da sua primeira volta. A receção, em Janeiro, ao FC Porto, poderá ditar muita da trajetória subsequente. 

Até agora, o comportamento do coletivo "encarnado" tem sido brilhante. 

Até as duas únicas igualdades consentidas corresponderam (ante o Sporting Clube de Braga e a Académica) a outros tantos disparates das equipas de arbitragem. 

Tem havido Benfica, esse Benfica da nossa consolação. Tem que continuar a haver Benfica, esse Benfica da nossa consagração.» 

- João Malheiro, jornal O Benfica, 14 de Dezembro de 2012

Cardozo marcou apenas 1 golo ao Sporting: Record explica porquê...


A atribuição dos golos no campeonato português transformou-se em terra de ninguém. 

Há quem faça a opção pelo que diz a FIFA e há quem resista ao bom senso e prefira escolher o que lhe dá mais jeito, ou seja, chutar para onde está virado.

A recomendação internacional, marcada pela lógica, manda atribuir o golo a quem envia a bola na direção da baliza e concretiza, considerando autogolo sempre que o remate vá para fora - antes de ser intercetado - e resultando em golo apenas porque um dos jogadores que defende lhe mudou a trajetória para dentro das redes. 

O primeiro golo do Benfica, no último dérbi, resultou da ação de Cardozo, é certo, que cabeceou a bola contra o solo e não na direção da baliza, mas o golo só ocorreu porque Rojo, envolvido no lance, lhe deu o toque fatal. 

O lance do 1-3, curiosamente aquele que, dos dois, menos dúvidas nos suscitou e que um maior número de "decisores" não hesitou em atribuir ao paraguaio, é também de uma limpidez absoluta: Cardozo volta a cabecear, a bola vai claramente para fora, mas eis que Insúa a desvia de forma a permitir um golo que, sem a sua intervenção, não aconteceria. Como as imagens provam. 

É verdade que a popularidade do futebol assenta em grande parte nos protagonistas e Cardozo é um jogador que "vende" tanto melhor quantos mais forem os golos que marque. 

Mas Record - atribuam os árbitros, a Liga, todos os jornais do Planeta e milhões de adeptos os golos a quem quiserem, na base de critérios próprios ou de critérios nenhuns - continuará a reger-se pela lógica imbatível da FIFA: bola não rematada na direção da baliza e desviada por outro jogador fará com que se atribua o golo a quem fez o desvio e não a quem rematou. 

Ninguém nos afastará deste caminho. Porque nós somos aqueles em que o leitor confia.»

- Jornal Record, 13 de Dezembro de 2012

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Leonor Pinhão esclarece Rodolfo Reis...


Mas isto agora é futsal? Assim não vale. Mais um ano, mais um campeonato e mais uma vez as regras não são iguais para todos. 

Então o FC Porto pode jogar com um guarda-redes-avançado? Refiro-me ao Alex Sandro, o guarda-redes-avançado evidentemente. E ao Vasco Santos, evidentemente, essa promessa da arbitragem nacional que vai a internacional não tarda nada, o último a permitir que o Alex Sandro, na sua área, possa meter a mão à bola. 

E está feito, segue o baile e apita o comboio e todos para os Aliados a apitar como o costume. 

No fim do derby, o presidente do Benfica mencionou o assunto sem referir nomes. Foi para isso que foi eleito, para defender o Benfica. 

No dia seguinte, oficial ou oficiosamente, chegou um protesto vindo do Dragão. «O Benfica está a preparar os árbitros», disse Rodolfo Reis. 

O que é isso de «preparar os árbitros», Rodolfo Reis? Será que está a insinuar que o presidente do Benfica recebe os árbitros em casa e lhes dá chá e bolinhos e conselhos matrimoniais? 

E estando perto o Natal, que mal teria esse género de convívio? 

Jogando o que joga com os jogadores que tem, a questão é que o FC Porto de Vítor Pereira, esse grande treinador, vem de três jogos consecutivos a beneficiar de erros de avaliação na sua área de rigor. E segue para bingo.

Todos sabemos que os árbitros erram, tal como os jogadores e têm direito a errar porque não são máquinas (por enquanto). Mas quando são sempre os mesmos os beneficiados e de rajada é normal que os rivais protestem. 

Até o Sir Alex Ferguson, que é cavaleiro da Rainha de Inglaterra, protestou um bocadinho e em inglês (o que faz logo toda a diferença) por causa dos penalties por conta do rival City e não pode o presidente do Benfica protestar, em português, com os penalties por marcar em Portugal à conta de Xistra, Benquerença & Companhia? 

Quanto a «preparar os árbitros», cada um fala do que sabe. E se felizes são os emblemas que ganham títulos como quem vai às compras à loja de conveniência - Sir Alex Ferguson dixit - cabe, por lei, aos infelizes que não têm a mesma sorte lutar contra esse abuso de facilidades. 

E que viva a liberdade de expressão. E que viva também o cinema português. - Vamos embora que isto foi tudo uma grande aldrabice! - já dizia o António Silva no Pátio das Cantigas. Referia-se a Calabote, claro está. (…) 

- Leonor Pinhão, jornal A Bola, 13 de Dezembro de 2012

José António Saraiva diz que Jesus foi corajoso em Alvalade



Ao contrário da maioria dos comentários, o dérbi de Alvalade não teve duas partes distintas. Houve, isso sim, dois jogos diferentes, separados pelo golo do Sporting. 


Até ao golo, o Sporting manietou o Benfica, bloqueou-o e foi uma equipa mandona. Depois do golo, o Sporting amedrontou-se e o Benfica cresceu, cresceu, até dominar o jogo por completo. 

Quando Wolfswinkel bateu Artur num remate estranho, os jogadores do Sporting devem ter pensado: já fizemos o mais difícil, que foi marcar um golo ao Benfica, agora vamos defendê-lo. Foi esse o erro fatal. 

O Sporting recuou, encolheu-se, e o Benfica partiu para uma cavalgada que só podia dar no que deu. 

Até ao intervalo teve três remates que falharam por pouco - e depois do intervalo foi o que se viu. 

Importantíssimo, neste jogo, foi o trabalho do árbitro. Com um critério "largo", deixou jogar, ignorou algumas faltas que existiram mesmo, mas é preferível assim: o jogo tem maior intensidade, flui mais, ganha outro ritmo e proporciona um melhor espetáculo. 

Se o árbitro tivesse apitado a tudo, o dérbi não teria sido o mesmo. Todos os árbitros deviam ver o vídeo deste jogo, cuja arbitragem se aproximou do que vemos em Inglaterra, com os resultados conhecidos. 

Palavras finais para os treinadores. Vercauteren parece-me um treinador claramente insatisfeito com a sua equipa, pelo que talvez não seja o homem adequado para este Sporting. 

Jesus foi um treinador corajoso, não tirando Maxi, mesmo tendo um amarelo e estando a jogar muito mal. Acreditou sempre nele - e ele retribuiu com uma ótima segunda parte. Assim é que se ganham jogadores.» 

- José António Saraiva, jornal Record, 12 de Dezembro de 2012

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Bagão Félix apresenta 10 notas sobre o derby



Dez notas, sobre o (eterno) derby: 


1. Até aos 31 minutos, Sporting A 1; Benfica B (sonolento) 0; dos 31 aos 90 minutos, Sporting (A+B) 0; Benfica A (acordado) 3. 

2. Uma partida sem casos, sem violência gratuita, com um juiz exemplar que nos dispensou do apito atrabiliário de Proença, Benquerença e Xistra. 

3. Treinadores e jogadores deram uma lição a quem deveria dar o exemplo de contenção e elegância (dirigentes e seus assalariados). 

4. Vercauteren até pode ser um medíocre treinador, mas não tem o discurso estereotipado da profissão e não se desculpou (antes ou depois) com o curto tempo de repouso. 

5. Não percebo essa questão do adiamento de um jogo com profissionais que não fazem outra coisa. Deve ser culpa minha, de tanto ver na Inglaterra, Espanha e outros países jogar-se quase dia sim dia não. 

6. Curiosamente até acho que o SLB teve menos descanso: jogaram 10 (faltou Luisão) dos que estiveram em Camp Nou enquanto no SCP apenas Rinaudo, Insúa, Capel e Boulahrouz (este para treinar) jogaram 2 jogos seguidos. Curiosamente, com os mesmos 3 dias de intervalo que o SCP teve quando jogou com o Genk numa 5.ª feira e 72h depois defrontou (e venceu!) o Braga... 

7. Rui Patrício, Rinaudo (e talvez Van Wolfswinkel) merecem um Sporting forte e vencedor. E Capel... quando levanta a cabeça. Felizmente Rojo não veio para o Benfica. 

8. André Gomes vai ser craque, Cardozo é indispensável (sobretudo contra o Sporting), Gaitán é genial... quando quer, Lima o melhor em Alvalade. 

9. Artur vale golos: a defesa diante de Elias vale 3 pontos. 

10. Apenas 35.000 espectadores: a crise (a do país e a do SCP) no seu esplendor.» 

- Bagão Félix, jornal A Bola, 12 de Dezembro de 2012

Luís Avelãs diz que Vieira "acabou" com Godinho


Se Godinho ainda tinha alguma margem de apoio entre os sócios e adeptos leoninos, duvido que a maioria não tenha ficado decepcionada depois de observar este lamentável comportamento. Um líder forte e frontal, teria aproveitado o espaço que toda a imprensa lhe concedeu para dizer quantas vezes tentara ligar a Vieira, a que horas, de que número, para que número, quantos sms’s tinha escrito, etc, etc. Godinho não fez nada disto. Como diz o povo... "comeu e calou". E da fama de aldrabão não se livrou. 

Perante o caos desportivo e financeiro - e estando cada vez mais desacreditado -, Godinho considera sem sentido falar-se em demissão. E ainda tem o desplante de dizer que estaria preocupado se “não estivessem por disputar 57 pontos”. Se Godinho Lopes fosse treinador, diretor desportivo ou chefe de departamento, tenho a certeza que o presidente Godinho Lopes já o tinha despedido. Assim, perante a surpresa geral e a crescente indignação da família leonina, vai agarrando-se com unhas e dentes ao lugar. Com que propósito? Com que objectivo? Convencido de que está no bom caminho? Não faço ideia. Ninguém parece saber a razão.

PS – Sobre o dérbi jogado pouco há a dizer. Ganhou a melhor equipa. Apesar do Sporting ter tido bons 20-25 minutos na primeira parte e de, com sorte, poder ter feito dois golos nas duas únicas chances que criou na etapa complementar... o Benfica mostrou pertencer a outro patamar. Os leões possuem jogadores de qualidade e lutaram imenso, mas decididamente não se pode dizer que tenham uma equipa. E pela enésima vez ficou claro que os futebolistas, logo à primeira contrariedade, ficam irreconhecíveis. Onde é que isto irá parar? Não faço ideia, mas parafraseando Godinho, não é caso para alarme. Parece que ainda há 57 pontos por disputar. Resta dizer que nos 33 que já se jogaram, o Sporting amealhou 11...

-Luís Avelãs, jornal Record, 11 de Dezembro de 2012